40% de todas as lesões nos jovens atletas (crianças e adolescentes) estão relacionadas ao desporto. No geral, as taxas de lesões masculinas e femininas têm vindo a igualar-se devido ao aumento gradual da taxa de participação feminina.
As lesões relacionadas à prática desportiva enquadram-se em dois tipos de trauma:
* Macro (devido a um único evento traumático, como por exemplo, uma fratura)
* Micro (devido ao trauma repetitivo por excesso de uso)
As lesões no jovem atleta são, muitas vezes, banalizadas. Eles geralmente são incentivados, ou encorajados, a “endurecer e brincar com a dor”. Essa abordagem não é do melhor interesse do jovem atleta pois, muitas vezes, leva ao atraso da recuperação da lesão, e do regresso ao desporto, pode transformar uma lesão facilmente tratável numa que se torna difícil de tratar e, em alguns casos, pode resultar numa lesão grave, e permanente, que pode levar ao impedimento da futura participação desportiva.
O Diagnóstico Correto é Essencial
Na maioria dos casos, é possível fazer um diagnóstico preciso, através do histórico de lesões do atleta e realizando um exame clínico completo. A idade, o sexo e o nível de participação do jovem atleta no desporto são importantes. Uma descrição de como a lesão ocorreu é valiosa: se houve um “estalo”, inchaço, histórico de lesões anteriores, histórico familiar de lesões semelhantes, ou outros sinais ou sintomas.
A frequência com que o atleta treina e joga também são informações importantes, para detectar se o overtraining pode estar a predispôr às lesões.
Embora exames complementares de diagnóstico, como o raio-X, a ressonância magnética e o ultrasom possam ser necessários, na maioria dos casos, um diagnóstico preciso pode ser feito com um bom histórico e um exame sistemático das estruturas lesionadas.
Lesões Por Excesso de Uso
A maioria das lesões por excesso de uso, como fraturas por stress e tendinopatias, é evitável. Se o jovem atleta sofrer alguma lesão por excesso de uso, a primeira opção de tratamento é o descanso, até que uma opinião médica possa ser solicitada. Em atletas jovens, isso significa evitar a atividade que está a causar o problema, ou reduzir a intensidade, até que o desconforto seja resolvido. Repouso total, ou imobilização, raramente são necessários.
Gerir a “carga de exercício” do jovem atleta é particularmente importante. Os atletas “superdotados” são frequentemente vítimas de overtraining e de competições. O seu atletismo natural encoraja os treinadores, coordenadores técnicos e dirigentes a treinar estes jovens, e a colocá-los a jogar, em demasia. Eles geralmente são o “arranque” da equipa e todos querem que eles joguem.
É muito importante que os pais definam, em conjunto com os treinadores, o volume de treino e tempo de jogo dos seus filhos. Os bons treinadores entenderão que a sobrecarga é um problema que pode ser gerido.
Dicas para os Pais e Treinadores Ajudarem a Prevenir as Lesões dos Jovens Atletas
Os jovens atletas têm muitos anos desportivos pela frente e seria uma pena que terminassem cedo demais.
– Permita que os jovens atletas joguem com a sua própria intensidade e ritmo
– Incentive o jovem atleta a começar a ficar em forma e condição física, pelo menos um mês antes de começar qualquer desporto coletivo
– Enfatize os exercícios de alongamento e flexibilidade
– Inicie a estabilidade dos músculos do tronco, e exercícios posturais, desde tenra idade. Os ginastas começam muito cedo a desenvolver um excelente controle do corpo. Isso também se deve aplicar a outros desportos
– Certifique-se de que os campos estão razoavelmente em boas condições e de que os atletas usam o equipamento adequado à sua prática desportiva
Em caso de dúvida, procure aconselhamento especializado (médico ou fisioterapeuta, por exemplo). Em geral, as crianças e jovens são motivados a praticar desporto porque é divertido. Pais e treinadores que exigem muito podem colocar os jovens atletas em risco.
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