A ansiedade é uma emoção transversal a todos os atletas. Independentemente da idade ou da modalidade, todos a experimentamos ainda que em níveis e graus de controlo distintos.

Esta ansiedade competitiva é aquilo a que vulgarmente chamamos “estar nervoso” e surge normalmente quando nos encontramos numa de 3 situações: “perto da competição“, “perto no marcador” ou “perto de terminar“. É assim fácil perceber o quanto este “estado de nervos” pode estar tão “perto” de nós. Quanto mais não fosse, pela quantidade de vezes que já ouvimos treinadores desesperados a gritar “Calma!!! Calma!!!”

Mas… a ansiedade é sempre má?

Não. A ansiedade é uma emoção natural, uma resposta do nosso organismo a um estímulo exterior. Se sentimos esta ansiedade é porque algo é realmente importante para nós. O que é mau é permitirmos que seja ela (ansiedade) a condicionar e a limitar as nossas acções.

 O que causa esta ansiedade que nos atrapalha?

As causas mais comuns são o medo de “fazer má figura”, o medo de “cometer erros”, o medo de não obter o “reconhecimento” alheio, a “leitura da mente” dos outros. Esta preocupação excessiva na obtenção da aprovação dos outros resulta normalmente em desempenhos abaixo do esperado devido a escolhas receosas. Atletas que sofrem de excesso de ansiedade são “assombrados” por pensamentos do tipo “o treinador vai-me desancar se eu falhar aquele cesto fácil” ou “a minha equipa vai ficar desiludida comigo” e o seu rendimento é afectado por não se permitirem (ou não conseguirem ou não saberem) libertar-se destes bloqueadores mentais.

Esta preocupação excessiva com o que os outros pensam de nós tem origem no fenómeno de “Aprovação Social” a que todos nos sujeitamos e que é caracterizado pela “necessidade de ser confirmado e validado por outras pessoas“. Rapidamente aprendemos a “ler a mente” de quem está à nossa volta quando a nossa principal motivação é “Sermos Aceites“. Esta motivação é particularmente dominante na juventude e adolescência.

Como é que a ansiedade nos atrapalha?

  1. Quando um atleta joga relaxado, usa a memória muscular automática que se revela através de pensamentos e acções plenamente sincronizados. Confia nos seus sucessos anteriores e permite-se, simplesmente, jogar. Quando a dúvida se instala, o atleta fica inseguro e quebra-se esta sincronização, passando a gastar imensa energia ou a “jogar para não perder”;
  2. Quando um atleta vive esta ansiedade o seu foco vira-se para dentro e para o passado, em busca da origem do problema. Esta resposta cognitiva inibe o foco no presente e mantém o atleta preso à “ultima jogada” em vez de o preparar para “a próxima jogada”;
  3. A resiliência mental (ou Mental Toughness) é muitas vezes a diferença entre o sucesso ou o fracasso desportivo. Esta resiliência é a capacidade que todos temos de usar a nossa energia para reagir rápida e positivamente a estímulos negativos como momentos difíceis, dores ou até lesões. Atletas ansiosos perdem rapidamente a sua resiliência.

Obviamente, nenhum de nós gosta de fazer má figura, quer tenhamos 5, 15 ou 35 anos e o medo de que tal aconteça pode levar-nos a tomar decisões mais cautelosas, receosas ou defensivas. É por esta razão que se torna tão importante ensinarmos os nossos jovens a “jogar sem medo de falhar”.

Como é que um atleta se pode focar no que é realmente importante ao invés de perder tempo e energia a “ler a mente” de outros ou com medo de cometer erros?

Podemos começar com uma questão simples: “jogas porque gostas ou porque queres o respeito das pessoas à tua volta?“. Seja qual for a tua principal motivação, se queres melhorar o teu desempenho e atingir a plenitude do teu potencial não te deves importar tanto com o que outros pensam.

É decisivo conseguires ultrapassar a “leitura da mente”, a adivinhação e o medo de errar!

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