União Sport Clube, fundado em 1938, sediado em Santiago do Cacém, é uma cidade portuguesa no Distrito de Setúbal, região do Alentejo e sub-região do Alentejo Litoral, com uma população residente de 6 403 habitantes (2015 INE).

É sede de um dos maiores municípios de Portugal, com 1 059,77 km² de área e 29 749 habitantes (2015 INE), subdividido em 8 freguesias. O município é limitado a norte pelo termo de Grândola, a nordeste por Ferreira do Alentejo, a leste por Aljustrel, a sul por Ourique e Odemira e a oeste por Sines e tem litoral no oceano Atlântico. É o único município de todo o Alentejo que contém 2 cidades dentro do seu termo. Mais interessante se torna o facto de possuir também 3 vilas.

O seu atual Presidente da Direção é Vitor Louricho, em 24/9/2016 foi apresentado o piso sintético do Campo Municipal de Futebol de São Sebastião e do Mini Campo Municipal , que contou com a presença de Álvaro Beijinha, Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém.

A equipa sénior disputa a 1 Divisão Distrital da A F Setúbal estando neste momento em 4 classificado. Do seu palmarés destaque para 3 títulos de Campeão da 1ª Divisão Distrital da A F Setúbal, 4 Participações na 3 ª Divisão Nacional, 2 Participações ma 2ª Divisão Nacional, 26 Participações na Taça de Portugal. Nos escalões de formação o clube disputa os campeonatos distritais da AF Setúbal, tendo 13 equipas em competição desde os Jun F sub 8 (lúdico) aos Jun A Sub 19 que militam na 2ª Divisão distrital. Presentemente o clube possui cerca de 230 praticantes o que na palavra do seu presidente “ o Clube é isto, é dinâmica !”

MODELO DA FORMAÇÃO DO UNIÃO SPORT CLUB DE SANTIAGO DO CACÉM:

QUAL É A FILOSOFIA DO CLUBE EM RELAÇÃO À FORMAÇÃO?

No União Sport Club formamos a ganhar, mas sempre tendo como base os princípios e os valores do nosso corpo técnico e dos nossos atletas. Queremos com isto dizer que não queremos ganhar a qualquer custo, mas que participamos nas atividades/campeonatos sempre com o intuito de sermos competitivos e de ganhar.
Na nossa filosofia assenta também potenciar a evolução do atleta, através de estímulos variados tendo em conta o estado de prontidão do mesmo.

QUANTOS ATLETAS TEM NA FORMAÇÃO E NÚMERO DE EQUIPAS POR ESCALÃO?

O União Sport Club conta neste momento com cerca de 220 atletas na formação e fazemo-nos representar com duas equipas de petizes, duas equipas de traquinas, uma equipa de benjamins sub10, duas equipas de benjamins sub11, uma equipa de infantis sub12, duas equipas de infantis sub13, uma equipa de iniciados sub14, uma equipa de iniciados sub15, uma equipa de juvenis e uma equipa de juniores.
De salientar que no 1º ano de existência da Escola de Futebol do União Sport Club (2015/2016), subimos às divisões distritais de topo duas equipas (Infantis sub13 e Iniciados sub15).

EXISTE UMA FORMA DE JOGAR IGUAL PARA TODAS AS EQUIPAS DOS ESCALÕES DE FORMAÇÃO?

Sim, na formação temos um modelo de jogo com princípios orientadores, transversal a todos os escalões e equipas, que nos permite criar uma identidade a nível competitivo. Ao mesmo tempo, permite aos nossos jogadores sentirem-se familiarizados mesmo quando competem em várias equipas dos mais variados escalões.

Este modelo de jogo não é estanque, é atualizado periodicamente, quando necessário e é sempre ajustável às características dos atletas.

COMO SÃO OS TREINOS AO NÍVEL DO FUTEBOL INFANTIL E JUVENIL?

Os treinos também eles estão regidos por uma metodologia de treino também ela transversal a todas as equipas. Esta metodologia foca sobretudo a utilização de formas jogadas e de momentos desafiantes, motivantes e competitivos para os nossos atletas durante qualquer sessão de treino. Exatamente como é o jogo: desafiante, motivante e competitivo.

Não queremos “castrar” a criatividade dos nossos jogadores nem queremos ter jogadores “fotocópias”. Queremos jogadores que associem à qualidade técnica a inteligência para ler e entender cada momento do jogo, para que eles próprios tomem as decisões no momento da pressão do jogo. Queremos formar jogadores com identidade própria e, para isso, fornecemos-lhes as ferramentas necessárias para tal, como é o caso da cultura tática, dos princípios e valores sociais, do espírito de equipa e de sacrifício, entre outros.

Tudo isto se passa no treino porque se irá passar também no jogo, e só assim, para nós, faz sentido. Em suma, assenta num método de descoberta guiada.

QUAL É O PERFIL DE JOGADOR DEFINIDO PARA A FORMAÇÃO E CLUBE?

O Clube rege-se por valores de inclusão social, logo, todos os atletas que queiram praticar futebol no União Sport Club, são bem-vindos e todos têm enquadramento competitivo. A Direcção da Escola de Futebol define estratégias para alocar os atletas em função do seu estado de prontidão e qualidade. Para criar contextos competitivos para todos e para que todos possam evoluir ao seu ritmo.

COMO SÃO OS VOSSOS TREINADORES ENQUADRADOS EM TERMOS DE PERFIL POR ESCALÃO?

Os nossos treinadores, além de serem pessoas do desporto e do futebol, são selecionados com base na sensibilidade afetiva e capacidade de relação social que apresentam.

Em função dos objetivos internos atingidos na época transata, definimos assim os treinadores para alocar nas equipas com o quadro competitivo mais exigente.

Este tema é bastante importante para nós, pois temos a preocupação de formar treinadores, além de atletas e homens para o futuro.

COMO É O PROCESSO DE CAPTAÇÃO E PROSPEÇÃO?

Além dos treinos de captação comuns que realizamos durante a época, com a criação da Escola de Futebol do União Sport Club, foi criado também o departamento de prospeção.

Este departamento tem como objetivo identificar e captar aqueles que consideramos os atletas com mais potencial da região para que possam integrar as nossas equipas. Temos alguns elementos nas equipas técnicas que juntamente com um coordenador dessa área definem um destacamento de jogos e contextos a observar com o objetivo de detetar atletas com qualidade.

NOS ESCALÕES DE FORMAÇÃO, GANHAR OU FORMAR?

Formar a ganhar! Acreditamos que é possível conjugar ambos os objetivos. Aliás, para nós só assim faz sentido. Não queremos com isto dizer que nunca iremos perder, ou que não lidamos bem com a derrota. Muito pelo contrário. A derrota faz parte do processo de formação no futebol e na vida. Aprendemos mais com as derrotas do que com as vitórias. O que não pode acontecer é perdermos e com tal, não aprendermos nada. Temos que aprender em todos os momentos, derrota e vitória. E temos que jogar sempre com o objetivo de ganhar, porque, como na vida, temos de viver com objetivos. Caso contrário estamos apenas a sobreviver.

O CLUBE FAZ SEPARAÇÃO ENTRE EQUIPAS DE FORMAÇÃO E COMPETIÇÃO? COMO É FEITA A INTEGRAÇÃO?

Temos uma estratégia interna que funciona pelo estado de rendimento/prontidão dos nossos jogadores. Procuramos que os jogadores que têm um nível de prontidão mais elevado joguem juntos, e os que apresentam um nível de aptidão menos avançado também o façam juntos. Assim temos grupos e contextos homogéneos que permitem que todos evoluam ao seu ritmo, e que ninguém fique prejudicado nas suas fases de desenvolvimento.

A idade que nos interessa para formar grupos não é a “idade do cartão de cidadão” mas sim a idade de rendimento/prontidão que apresentam.

Em suma, todos os nossos jogadores competem, mas em contextos adaptados ao seu estado de prontidão.

DE QUE FORMA É FEITO O ACOMPANHAMENTO DE DESEMPENHO ESCOLAR DOS ATLETAS?

O acompanhamento escolar dos atletas é feito entre equipa técnica e atletas/encarregados de educação, e em casos mais específicos entre coordenação e encarregados de educação. O desempenho escolar e o comportamento dos nossos atletas é algo altamente valorizado por nós. A escola é o plano A de qualquer jovem, e aqui trabalhamos em conjunto para que o desempenho na escola seja o melhor possível. À semelhança daquilo em que acreditamos aqui no União Sport Club, “não exigimos resultados, mas exigimos esforço e dedicação”, que consequentemente originarão resultados.

QUE AVALIAÇÃO FAZ DOS QUADROS COMPETITIVOS AO NÍVEL DA FORMAÇÃO EM PORTUGAL, TEM SUGESTÕES DE MELHORAMENTO?

Os quadros competitivos ao nível da formação em Portugal têm sempre espaço para melhorar, até pela evolução constante do futebol de formação, pois existem sempre novos desafios que exigem permanentes adaptações.

Na minha opinião a AF Setúbal (Associação de Futebol em que nos inserimos) deveria de criar um ranking de clubes no futebol de 7, o que promoveria um maior equilíbrio nos campeonatos. Isto evitava que um clube que num ano foi muito forte devido a uma geração espontânea que teve com muita qualidade, no ano seguinte fosse disputar um campeonato/divisão superior com atletas que já não têm tanta qualidade (porque não foi a geração que subiu).

Sugeria também a permissão de substituições volantes até no escalão de Juvenis, permitindo que os jogadores tenham mais oportunidades para jogar.

Além disso, deixo a intenção de revisão da lei das equipas B´s por parte da AF Setúbal (no futebol 11) que apenas permite que sejam compostas por atletas de 1º ano ao invés de serem compostas por qualidade. Fazendo muitas vezes com que atletas de 2º ano não cheguem a ter mais oportunidades de evoluir nas equipas A, uma vez que têm menos minutos de jogo, pois as equipas A consequentemente têm maior número de atletas.

Há sempre espaço para melhorar, e estas três sugestões penso que permitiriam bastante uma maior equidade no futebol de formação.

SEGUE O SITE FDF FUTEBOL DE FORMAÇÃO, COMO AVALIA O NOSSO TRABALHO E OCORRE-LHE ALGUMA SUGESTÃO?

Sigo o vosso site há cerca de meio ano e acho extremamente interessante e importante o trabalho que estão a fazer. É uma equipa de pessoas “de e para” o desporto, e não de leigos ou curiosos do futebol como atualmente podemos observar quer na televisão quer em outros sites referentes a futebol.

Acredito profundamente no vosso slogan. “Formar é construir o futuro!” Revejo-me nesta forma de pensar, porque não faz sentido quando se trabalha no futebol de formação e quando se forma a ganhar, assentarmos o nosso trabalho em gerações espontâneas de jogadores. Temos sim de garantir a continuidade e qualidade dessas gerações, para que trabalhem o melhor possível, para que evoluam o mais possível e para que atinjam o maior nível possível a nível competitivo e pessoal.

Dar o destaque que o FDF dá ao futebol de formação é extremamente importante para que a formação deixe de ser vista como um “ATL”, para que os técnicos tenham ferramentas atuais e variadas para trabalhar e para que as pessoas do futebol (clubes, técnicos e mais importante, jogadores) sintam o seu trabalho reconhecido e valorizado.

Ricardo Correia - O nosso entrevistado

Data de Nascimento: 26/12/1992
Naturalidade: Assentiz (Rio Maior)
Clubes representados:  CR Foot, SL Benfica, Foxes Football Club (Londres), União Sport Club
Cargo: Coordenador Técnico
Curso/Formação: Licenciado em Desporto, UEFA Basics
Clube: União Sport Club de Santiago do Cacém

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Obrigado ao União Sport Club e ao seu Coordenador da Formação Ricardo Correia por esta entrevista, partilha de conhecimento e pela mensagem que nos deixam, mais conhecedores e enriquecidos sobre o futebol de Formação em Portugal.

Aos nossos leitores esperamos que tenham gostado, e podem deixar uma mensagem ao Coordenador Ricardo Correia nos comentários aqui no site. Obrigado a todos.

1 Comentário

  1. Zé Luís
    7 Março, 2017
    Responder

    Excelente artigo. Os meus parabéns. Gostei principalmente da parte onde o autor assume que as equipas do clube jogam para ganhar. Negar isto julgo ser a maior hipocrisia do futebol de formação. Como é possível entrar numa competição sem procurar a vitória? Agora não tem como o autor refere de ser conseguida a tudo o custo ou a qualquer preço. Ensinar isto aos atletas é uma parte importante da sua formação, bem como a transmissão de valores. A vida real é uma verdadeira competição!

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