Optei nesta crónica por falar de algo que não tem tido muito ímpeto. A necessidade de existir o futebol de 9 no futebol de formação. Sou suspeito a falar disto, não só porque treino uma equipa nestes “moldes”, como também sou um sério admirador do princípio da progressividade.

Acho que, como em tudo na vida, o futebol tem de passar por um processo de progressão da idade em que se começa (normalmente nos 6/7 anos) até à idade sénior (18/19 anos). Na minha ideia acho que um atleta deverá passar pelas seguintes etapas no futebol de formação: Futebol de 3 (4/5 anos), futebol de 5 (6/7/8 anos), futebol de 7 (9/10/11 anos), futebol de 9 (12 anos) e, por fim, futebol de 11 ( 13 anos até ao fim da carreira desportiva). E porquê? É simples. Se queremos que um atleta chegue à idade sénior minimamente preparado, ele tem de conhecer todos os contextos de jogo, desde o relacionamento com bola no futebol de 3, à adaptação de uma maior dimensão de espaço em futebol de 5, a uma pequena demonstração tática em futebol de 7, à importância de saber a lei do fora-de-jogo em futebol de 9, e, por fim, à junção de todos estes princípios que são aplicados no futebol de 11.

O futebol de 9 surgiu, na AFPorto, na época 2014/2015. Desde então, cada vez surgem mais equipas interessadas e, com isto, vai surgir uma maior competitividade (saudável) entre os atletas o que vai permitir uma maior evolução. Relativamente às suas regras e que o diferencia do futebol de 7 é, obviamente, a inclusão de mais 2 jogadores e também a existência do “fora-de-jogo”, só a partir das áreas (se bem que já há alguns campeonatos de futebol de 7 onde esta lei já existe).  As substituições continuam a ser ilimitadas e, também, o “time out” está presente. As dimensões do campo são, na minha opinião, o factor que mais defendo para que todas as equipas implantem o futebol de 9 nos seus escalões. Joga-se, normalmente, com a largura total do campo de futebol de 11 e o comprimento de futebol de 7. É importantíssimo para um atleta saber posicionar-se em campo e, se já o aprendem em futebol de 7, no futebol de 9 ainda melhor têm que se saber posicionar. Não havendo este escalão será muito mais complicado para os atletas se adaptarem às dimensões do campo de futebol de 11. Penso que não tem de haver pressa para que o atleta vá competir em futebol de 11, sendo que vai fazê-lo, no mínimo, a partir dos 14 anos. À cerca de 10 anos atrás nem futebol de 7 existia (em termos competitivos), e era absurdo uma criança de 8 anos jogar futebol de 11 num campo tão extenso e acabava por nem sequer ter a oportunidade de tocar na bola. Existindo agora o futebol de 7 e futebol de 9 vai permitir que o atleta tenha contacto com a bola, permita fazer golos, desarmes, defesas e tudo mais. É assim que o jovem jogador evolui.

É isto que defendo, a tal progressividade que foi falada anteriormente. Se um atleta passar por todos estes contextos ao longo da sua “carreira” desportiva, vai acabar por chegar à idade sénior com uma capacidade enorme de ser um jogador mais completo. São pequenos factores que podem decidir um jogo de futebol, fatores esses que podem ser assimilados passando por todos estes cenários.  Eu defendo claramente o futebol de 9 no futebol de formação.

Fonte/Autor: odesportista.net por Rafael Castro

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