“Temos um conjunto de pais que acompanham os filhos nas idades de formação. O problema é que algumas pessoas veem os seus filhos como Ronaldos e não percebem que os miúdos estão a praticar desporto, em primeiro lugar porque é saudável, e depois para se divertirem”. Pedro Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal de Almeirim

O desporto e o futebol em particular, por toda a mediatização que lhe é prestada e claro, como é óbvio, pela importância que tem no contexto social, à escala global, tornou-se num palco propício à exteriorização de emoções,traduzidas em comportamentos censuráveis, intoleráveis, considerando aquilo que são os padrões normais protagonizados pelo cidadão comum. Há quem defenda mesmo a existência de uma estirpe originária no fenómeno futebolístico, caracterizada por uma dupla personalidade, cuja explicação ainda encerra muitas dúvidas e que se vai evidenciando de forma imbecil nas bancadas de um qualquer estádio ou campo de futebol.

Contudo, esta realidade assume contornos ainda mais sérios e preocupantes, quando esses ditos comportamentos vão acontecendo em jogos dos escalões mais jovens, de crianças ainda imberbes, cujo único objectivo passa pelo divertimento e a felicidade de correr atrás de uma bola e assim praticar desporto. E como vão proliferando esses maus exemplos.

De forma a contrariar e se possível erradicar tais atitudes, muitas têm sido as medidas profiláticas avançadas, seja pela Federação Portuguesa de Futebol, IPDJ, associações de futebol distritais e regionais, clubes e até mesmo autarquias. Como é o caso da Câmara Municipal de Almeirim.

Trago à colação o exemplo da autarquia ribatejana, não só pelo carácter excepcional do mesmo, bem como pela reflexão que originou e que tem levado a opiniões dissonantes. Esse mérito tem que lhe ser assacado.

Colocou em prática a autarquia almeirinense uma iniciativa denominada“Pais de Desportistas são Pais Responsáveis”, com principal incidência nos escalões de formação, cujo principal fim a atingir assenta na premiação dos clubes que sejam protagonistas de episódios em que impere o Fair-Play, ao mesmo tem que penalizará aqueles cujos adeptos manifestem comportamentos antidesportivos. Se quanto aos primeiros, nada a questionar, por tão louvável que é o acto, já quanto aos segundos não tenho qualquer pejo em colocar em causa a justiça ou falta dela de tal acção.

Colocando isto num plano recorrente, ou seja, em que na maioria dos casos são os pais dos jovens atletas, algumas ainda crianças como já referi,que agridem verbalmente, insultam os árbitros, desautorizam os técnicos dos próprios educandos (filho joga ali, não ligues ao treinador, faz o que eu digo), será que não poderemos estar perante casos em que “paga o justo pelo pecador”, tão só pelo “crime” que o clube cometeu ao acolher nas suas fileiras o filho de um pai desequilibrado,destruturado, com laivos de irracionalidade, nem que seja momentânea? Que tipo de justiça é esta em que os penalizados acabam por ser aqueles que, tantos e tantos sacrifícios fazem para manter em actividade os seus clubes, prescindindo do seu tempo para andar a “aturar” os filhos dos outros, entre os quais, os dos tais idiotas?

Salvo melhor opinião e até acredito que exista, julgo que não é por aí o caminho. Por mais que sejam as boas intenções que estejam subjacentes ao mesmo.Mas isto sou a eu a pensar. Outros pensarão de maneira diferente. É tudo uma questão de pluralidade de opiniões.

*O autor escreve ao abrigo do antigo acordo ortográfico.

Destaque:

“Há quem defenda mesmo a existência de uma estirpe originária no fenómeno futebolístico,caracterizada por uma dupla personalidade, cuja explicação ainda encerra muitas dúvidas e que se vai evidenciando de forma imbecil nas bancadas de um qualquer estádio ou campo de futebol.”

Fonte: Jornal ABarca

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