Num momento em que o futebol é cada vez mais entendido como uma área de negócio em expansão à escala global, basta atentarmos para os muitos milhões que movimenta, o número de empregos que consegue gerar e a produção de um efeito multiplicador muito maior que o registado na maioria dos outros sectores de actividade, muitas vezes somos tentados a olhar apenas para árvore esquecendo a floresta.

O futebol que todos os dias nos entra em casa pelo pequeno écran traduz uma realidade diametralmente oposta aquela existente na base da pirâmide, ou seja, no futebol amador, quase sempre por ausência de condições, seja ao nível de recursos humanos com a adequada formação, como também ao nível infraestrutural, obstando a uma evolução que se deseja contínua e profícua.

Visando contrariar essa realidade, pese embora os sucessos internacionais que têm vindo a ser alcançados, não só pela seleção principal, como ao nível dos escalões de formação, tenha camuflado algumas daquelas que são as insuficiências do futebol no território português, e revelando uma clara aposta na qualificação do futebol nacional e o aumento e retenção dos praticantes na modalidade, colocou a Federação Portuguesa de Futebol em prática um Programa de Apoio ao Crescimento do Futebol Português, denominado Crescer 2020+.

Trata-se de um programa que, mais do que diagnosticar os problemas e a falta de capacidade que muitas vezes é revelada para os ultrapassar, tem como principal objectivo dotar os clubes e os seus dirigentes dos instrumentos necessários e respectiva qualificação, no sentido de fazer do futebol um desporto cada vez mais apelativo e consequentemente aumentar o número de praticantes, tão larga é a margem de crescimento nesta área.

Considerando os índices populacionais do nosso país e as faixas etárias de referência para a prática futebolística ao nível federado, Portugal apresenta actualmente valores ainda longe daqueles que a UEFA pondera como sendo os ideais. Ou seja, para a entidade que regula o futebol no espaço europeu, para um país como Portugal, o critério de referência assenta nos 3% da população, valor que apontaria para um número de praticantes federados na ordem dos 310 mil, ao contrário dos 181 mil existentes presentemente.

Porém, como “Roma e Pavia não se fizeram num dia” a implementação do Crescer 2020+ estabelece metas que, sem deixarem de ser ambiciosas, revelam a natural prudência que se exige, dentro de um quadro de crescimento sustentado e razoável.

Pretende, assim, a Federação Portuguesa de Futebol que até 2020, o número de praticantes se cifre nos 200 mil, isto é, entre 2 a 2,5% da população, números que, gradualmente, assim todos o desejamos, se vão aproximando dos pretendidos pela UEFA.

Mas só com a envolvência e o compromisso de muitas entidades será possível dar prossecução ao objectivo pretendido. E essas estão, na maioria dos casos, fora da esfera do futebol dito federado. Autarquias, estabelecimentos de ensino, INATEL, são apenas alguns exemplos.

A instituição de protocolos entre os vários parceiros e o seu obrigatório vínculo, a uma política que se quer transversal a todos eles, é o ponto de partida para o sucesso. Mais do que do programa em causa (Crescer 2020+) será do futebol nacional e de um país cujo destino está traçado para a glória.

Pelo menos no futebol!

Artigo do autor Nuno Pedro com fonte em mediotejo.net

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