A sociedade atual atenta cada vez mais a particularidades, afirma-se muitas vezes que no desporto são os pormenores que fazem a diferença. Por que será que isso acontece? Será a banalidade de ações que faz com que os pormenores sobressaiam? Ou serão os pormenores que se evidenciam perante o “marasmo” das restantes ações?

O talento é de uma tal complexidade que por vezes a sua compreensão torna-se não compreendida, isto é, pode o talento construir-se ou ele nasce com a pessoa? A genética ou efeito da idade relativa ajudam a compreender algumas questões, mas não todo o processo de desenvolvimento do talento em si.

A imprevisibilidade do mundo atual tem implicações nas decisões do dia a dia, onde o desporto não fica imune e o futebol, face ao mediatismo que atingiu, muito menos.

Sendo o scouting  um processo de observação e análise será pertinente realizá-lo a partir de que momento no futebol de formação? A perspetiva com que esta temática é abordada revela muito daquilo em que cada vez mais se transformou o futebol – um negócio. Se assim não fosse dir-vos-ia que a abordagem ao scouting seria completamente distinta, porém a “nossa” perspetiva depende de nós e da forma como abordamos as diferentes questões. Se o scouting é um processo de observação e análise por que não tirar benefícios para o processo de treino e gestão da própria equipa? Este é no meu entender a grande mais valia do scouting no domínio da formação. Mas será o futebol de formação igual em todos os períodos de desenvolvimento dos diferentes escalões? Naturalmente que não, porque de acordo com as diferentes idades onde ocorre o processo de treino procuram-se desenvolver conteúdos diferentes, e as preocupações adjacentes são também elas distintas.

No que concerne aos estágios de desenvolvimento dos indivíduos podemos aferir que eles podem ser cognitivos, motores e psicossociais podendo ser analisados de forma integrada ou desintegrada em função do que desejemos compreender. Neste sentido, esta compreensão é importante para aferir o porquê dos comportamentos serem como são. Os comportamentos na sua globalidade são um fator preditivo essencial para percebermos como pode evoluir o jogador, direi mesmo que será a base que serve de suporte para evolução do homem/jogador. Não poderemos avaliar o jogador apenas pelo seu desempenho técnico/tático, pois isso é demasiado redutor para que se consiga perceber qual a evolução do jogador e onde ele pode chegar.

Os clubes começam cada vez mais cedo a realizar o chamado trabalho de prospeção, mas será esse o melhor caminho? O melhor jogador hoje, será o melhor jogador amanhã? Essa deveria ser a principal questão a colocar na génese deste processo. Posto isto, seria essencial perceber como cada um dos diferentes jogadores observados vai evoluir ao longo do tempo, porque o melhor de hoje pode não ser o melhor de amanhã, da mesma forma que o menos bom hoje poderá não ser o menos bom amanhã. Se este for o caminho escolhido, tendo como intenção realizar um trabalho profícuo, é necessário que se tracem eficientemente parâmetros sobre o que observar, para que os fatores desviantes sejam cada vez menos perturbadores na decisão final.

Ao longo do texto coloquei muitas questões, mas tentei dar apenas algumas respostas para que também cada um de vocês pudesse refletir, interrogar-se e procurar encontrar respostas para questões sobre as quais provavelmente ainda não tinham refletido verdadeiramente.

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