É triste, preocupante e vergonhoso como a violência começa a ser banal em jogos de futsal/futebol de crianças.

Os casos mais alarmantes relacionam-se com agressões físicas, uma vez que as  verbais parecem já fazer parte do jogo. E, sabendo nós, que os maus comportamentos podem gerar reações graves estamos apenas a colher o que semeámos..

É preocupante que a solução para inverter este cenário seja o reforço policial. Esta medida pode funcionar como prevenção, mas o que não nos falta são exemplos que demonstram que a mera presença de polícias é, muitas vezes, insuficiente e que é quase sempre necessária a sua intervenção. É esta a vergonhosa realidade.

Imaginemos o caso de um agente que tem de atuar perante um pai mal comportado. O que passará pela cabeça de uma criança ao ver o seu pai ser retirado do pavilhão por um agente? “O meu pai foi preso…” O que sentirá? Medo… Que reação imediata terá? Choro, por exemplo. Que consequências poderão advir desta situação? Nunca mais voltar a jogar por ficar traumatizada.

Possivelmente não estamos a resolver o problema:

Estamos aqui perante uma situação contraditória pois apelamos constantemente à presença dos pais na vida desportiva dos filhos e apresentamos vários benefícios que podem resultar dessa presença e depois verificamos que temos de proibir a sua presença porque não se comportam de forma adequada.

É injusto centrarmo-nos apenas nos pais. Sabemos que a conduta de muitos treinadores não é a mais adequada e que a intervenção dos dirigentes junto de adeptos e treinadores com comportamentos incorrectos é quase nula. O objetivo último de “ganhar” faz todos perderem a noção das regras, do que é a sua função e da que deve ser a sua conduta. Há muitos treinadores e dirigentes na formação que vivem a máxima de “ganhar a todo o custo”, mas nem sequer numa final da prova desportiva mais importante do mundo este pensamento é correto.

Na minha opinião, ou estes intervenientes melhoram o seu comportamento, mudando a sua forma de pensar e atuar ou deve-se acabar com as provas oficiais de futsal/futebol (ou, pelo menos, com as classificações, nas atividades desportivas, até aos 13 anos).

Um jogo de crianças num pavilhão desportivo deve ser um palco de festa, onde elas se divertem a fazer o que gostam. O desporto promove um conjunto de valores de enorme valia na formação dos cidadãos e que devem estar acima de tudo. Quando a realidade nos diz que estes valores só podem assegurados pelas  autoridades policiais é preferível acabar com estas provas… não há qualquer justificação para continuarem a existir.

Vamos voltar com as crianças para rua, para brincarem ao futebol com as regras criadas por elas, que elas entendem e que lhes trazem sempre tanta alegria e diversão.

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