Heterogeneidade / Formação / Competição: Parte 1


A heterogeneidade faz parte da vida de qualquer sociedade.

A formação faz parte do processo de crescimento de qualquer indivíduo.

A competição existe desde muito cedo e manifesta-se das mais variadas formas.

Que heterogeneidade? Existirão inúmeras formas de abordar este tema e sob os mais variados pontos de vista.

Aquela a que se refere o conteúdo deste artigo diz respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem e consequentemente aos diferentes níveis de desempenho e a sua relação com o processo de formação.

Procurando abordar este tema com a simplicidade que me parece que deve existir sempre em qualquer assunto, diria o seguinte:

O treinador tem no seu dia-a-dia um trabalho desafiante sob diversos aspetos.

Treinar uma equipa de forma a fazê-la crescer coletiva e individualmente, onde existem jogadores mais aptos e menos aptos, onde existem jogadores com anos de prática na modalidade diferentes, onde as experiências anteriores na modalidade são diferentes, onde as expectativas deles próprios e dos seus encarregados de educação são diferentes, onde os ritmos de trabalho e de aprendizagem são diferentes, onde o contexto familiar e social é diferente, entre outros aspetos, é no mínimo uma tarefa complexa.

A par da constatação de todas estas diferenças no processo de formação acresce uma outra variável, que às vezes parece não existir, que se fala pouco (não sei porquê) mas que faz parte do processo formativo e temos que a considerar, e muito, a competição.

Ter que a considerar não significa que seja ela que condicione o nosso processo mas põe-nos a refletir em como a devemos gerir, por exemplo:

“Aptos/ Menos aptos e competição”.

Devemos resumir a competição a apenas um momento formal de treino onde a gestão dos jogadores é feita com base no cronómetro e no seu equitativo tempo de utilização?

Devemos resumir a competição a um momento formal em que o nosso objetivo é a utilização pura e simples de todos os jogadores independentemente do seu nível de prestação, patamar de aprendizagem, grau de desenvolvimento?

Tema delicado e pouco abordado onde a norma é a referência apenas à palavra, “Formação”. Palavra que no dia-a-dia, ou pelo menos semanalmente, sabemos que não existe sozinha. Existe uma outra que a acompanha e que deve ser considerada, “Competição”.

Pessoalmente, nunca percebi muito bem a hesitação ou a dificuldade em se fazer esta abordagem quando se fala em formação no futebol.

Será que a competição não está presente na vida das crianças e dos jovens desde muito cedo?

Claro que está e, provavelmente, serão elas que menos estranham esta palavra.

Em contextos diferentes mas a essência daquilo que é a palavra “Competição” está presente nas crianças desde muito cedo.

Quando no jardim-de-infância fazem corridas no recreio para ver quem ganha, isso é o quê?

Quando jogam play-station em grupo/on-line estão a fazer o quê?

Quando jogam na escola e desafiam uma turma para fazer um jogo de futebol estão a fazer o quê?

Competir.

Quando os Torneios Inter-Turmas nas escolas são das atividade mais desejadas pelos alunos é porquê? Porque gostam de praticar a modalidade mas também porque desejam vencer, triunfar e serem melhores.

Por isso, penso ser pertinente considerarmos a competição quando falamos em formação…

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