O futebol é apaixonante !!!!!! O futebol é motivo de partilha de ideias,gostos,opiniões, elogios, ofensas, respeito, falta de respeito, bons jogadores, maus jogadores, bons treinadores, maus treinadores, adeptos ferrenhos e facciosos, adeptos fervorosos e respeitadores, etc etc etc.
E o futebol de formação? ???
É isto tudo e mais algumas coisas !!!!!!
Estas linhas pretendem lançar à discussão os princípios básicos do futebol de formação.
Actualmente a formação de futebol é muito exigente pois desde logo existem assimetrias a todos os níveis.
1- O Futebol de formação existe desde a mais recôndita aldeia à capital do País.Por consequência ,desde logo, a base de recrutamento é impossível de ser comparada.
2- Para existir uma formação de qualidade, é obrigatório ter formadores de qualidade. É certo que ao nível dos cursos superiores muito se tem feito mas ao nível dos cursos de treinadores entre alterações legislativas, alterações ao nível dos institutos públicos com competências nesta matéria levou a que na prática os cursos se treinadores estiveram parados entre 2013 e 2015.
3- Actualmente a formação começa com 4/5 anos e termina aos 18 no escalão de juniores. O grande desafio é conseguir manter motivado um jovem ao longo da sua formação onde conhece vários colegas, em muitos casos vários clubes, vários treinadores , várias e muito diferentes condições de trabalho/evolução, vários níveis de competitividade desportiva sem esquecer a sempre fundamental estrutura familiar que permite que os clubes consigam transportar os seus atletas até ao escalão de Infantis mas que nos últimos escalões de formação nem sempre acompanham os seus, dificultando ainda mais o trabalho dos clubes.
4- A organização dos clubes ou a falta dela é essencial para uma formação de qualidade, este tema talvez o mais controverso pois sabemos que apesar do aparecimento de diversas escolas associadas aos grandes clubes a realidade do nosso país vai muito para além do que acontece nas grandes cidades e essencialmente a formação acontece por todo o pais quase sempre através de pequenos clubes que conseguem resistir à tentação de diminuir os escalões de formação .
5- Ambiente propício ao desempenho desportivo com padrões de qualidade ao nível do treino sem nunca esquecer que acima de tudo estamos a contribuir para formar Homens e Mulheres para o futuro e raros são os casos onde estamos a trabalhar futebolistas de âmbito profissional.
6- Incentivar, fomentar, quebrar barreiras no Triângulo desporto,família, escola o diálogo e a partilha é fundamental para todos estarem focados e conhecedores da realidade dos nossos jovens, sabemos que os meros castigos de retirar o futebol face à ausência de resultados escolares por si só não resolve nenhum problema sendo que uma conversa levando o jovem a compreender isso mesmo que a escola e o desporto não são incompatíveis mas ambos são fundamentais no seu desenvolvimento levam a que os jovens se foquem no essencial e se “esqueçam” do mais fácil (facilitismo, falta de assiduidade, falta de responsabilidade, falta de sentido de Equipa). Neste tema também cabe a problemática do treinador de bancada sendo que o mais grave sabemos que não é o que é dito na bancada mas sim no trajecto casa/treino / casa , mais uma vez é fundamental a interacção entre todos os envolvidos.
7- A quase ausência do futebol de rua obriga que os treinadores dos escalões de formação entendam que a liberdade de deixar “experimentar” , “inventar” , “inovar”, jogar “sem regras” seja essencial sobretudo nos escalões até aos infantis 11 / iniciados de 1º ano pois a criatividade a espontaneidade está arredada se insistirmos nos esquemas tácticos padronizados.
8- No seguimento do ponto anterior é obrigatório esclarecer que nos dias de hoje os nossos jovens estão muito mais familiarizados com esquemas tácticos, sistemas de jogo, coberturas ofensivas e defensivas, transições etc etc etc, e por isso naturalmente compete ensinar,educar, explicar tudo isto , pois as crianças e adolescentes dos nossos dias são também eles treinadores pois nas suas horas de lazer ocupam o seu tempo com vídeo jogos que a isso obriga, vêm se quiserem dezenas de jogos por semana com comentários ao mais ínfimo pormenor e por isso não podemos passar ao lado desta realidade.
9- A formação é um negócio ou a fonte de subsistência da maioria de clubes com escalões de formação?
Esta pergunta está inteiramente relacionada com o tema nº 4 pois a organização dos clubes é fundamental para responder a esta questão. A realidade do nosso país permite três respostas; é negócio é a única fonte de subsistência da maioria dos clubes e ….. a formação tem autonomia financeira. De notar que a formação não é sustentável em todos os escalões por isso não são apenas os aspectos desportivos mas também económicos que obrigam a um crescimento sustentado e o alargamento da captação na base.
10- Quadros competitivos este foi é e será o tema com mais opiniões diversas desde logo porque por norma emitimos e formamos opiniões com base na realidade que vivemos, contudo e face ao nosso objectivo olhamos para a formação como um todo e no que se passa ao nível nacional, assim uma das questões mais importantes é as localidades próximas nos limites dos distritos os jovens e os seus encarregados de educação são confrontados muitas vezes com quadros competitivos muito diferentes a escassos kilometros de distância. Um dos problemas dos quadros competitivos é a falta de equipas nuns casos e o numero elevado de equipas no outro que resultam em poucos jogos e várias fases e noutros fases a uma só volta e jogos demasiado cedo face ao numero de jogos para a mesma manhã.
Todos estes temas serão objecto de análises e desenvolvimentos futuros mais detalhados, este primeiro artigo tem como único objectivo lançar um conjunto de temas para reflexão.
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