Reflexão sobre o estado do Futebol de Formação


Sendo este um momento de reflexão, foram várias épocas, em que convivi, com centenas de atletas, pais, treinadores, dirigentes, árbitros, e todos os envolvidos neste desporto que tanto gosto. Onde fiz amigos e conhecidos. Chega a hora de fazer uma pausa e refletir em tudo aquilo que a formação deste desporto se está a tornar.

Este texto é a minha opinião sobre algumas situações que se vivem no futebol de formação.

Será que tudo o que se diz é verdade, cada um tem direito à sua opinião e acho que existem várias situações que neste momento estão a condicionar a formação neste desporto.

A formação neste momento tornou-se um negócio, em que os clubes precisam dos pais, mas tem de existir uma separação, pois os pais pagarem uma mensalidade não lhes dá o direito de intervirem diretamente no normal funcionamento do clube, é paga uma mensalidade que dá o direito ao atleta de treinar com qualidade, com pessoas formadas na área.

Na hora do jogo, muitos defendem que todos devem jogar, na minha opinião isso é um mito, pois não é pelo atleta não jogar num jogo ou dois, ou jogar menos tempo que a formação deste atleta está a ser mal feita, pois no futuro desportivo, e na vida, esse atleta vai ter de lidar com frustrações e situações difíceis e vai ter de conseguir superar, quanto a mim neste momento existe uma super proteção que em nada vai beneficiar estes atletas.

É importante formar e formar se possível a ganhar, e se em determinado momento existem atletas que não estão bem preparados para enfrentar o jogo, tem de trabalhar e lutar por essa oportunidade.

Está instalado de forma geral pelos pais que cada um dos seus filhos é o melhor e é um super atleta, que é melhor e que sabe fazer tudo melhor do que qualquer outro atleta, não conseguindo ver os defeitos dos seus filhos. Será que esse será o caminho certo, criando expetativas que na maioria dos casos vão transformar-se em frustrações.

Ultima reflexão, quando vamos ao médico, pagamos uma consulta, mas não dizemos ao médico que exames devemos fazer, nem que medicamentos devemos tomar, pois não temos formação para isso. Então porque no futebol os pais se acham no direito de pagarem uma mensalidade, e decidir em que posição o seu filho e os outros jogam, quanto deve jogar e como deve treinar, é que na realidade, também não possuem formação para isso.

Obrigado futebol por estes anos…

9 Comentários

  1. Rui Bojaca
    17 Janeiro, 2019
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    Concordo plenamente consigo no entanto, parece me ser uma analise muito simplista…deixa de fora toda a vertente economica Do futebol de formação…. pais a pagar por fora para os filhos jogarem…miudos com empresarios a fazerem pressões. …compadrios entre treinadores e estes intervinientes emfim uma visao muito simplista a criticar apenas os pais.

  2. José Rocha
    17 Janeiro, 2019
    Responder

    Uma visão nua e crua da realidade.O pagamento da mensalidade não lhe da o direito de o filho jogar ou ser convocado, pois se assim fosse havia um leilão para quem pagasse mais é que jogava, ficando de parte o mérito de quem trabalha e tem aptidão para um desporto “da moda”
    O problema esta nos Clubes , directores e treinadores que vendem projectos ideais para captarem atletas.
    O nosso é o melhor porque temos sintético.
    É melhor porque damos equipamento
    é melhor porque temos treinador de Grds
    é melhor porque não se paga mensalidade
    Mas será melhor para o meu filho ?
    Eu prefiro treinar hora e meia 2 vezes por semana a campo inteiro do que 1 hora 3 vezes por semana no sintético a meio campo.
    Eu prefiro não ter treinador de Grds quando não há espaço diferenciado para os treinos de grds.
    1 é fundamental saber se o meu filho é ou não competitivo, se tem aptidão para o futebol. Se não tem há outros desportos em que ele pode ajudar a equipa ou até mesmo desportos individuais.
    Depois se tem aptidão escolher um clube que tenha também uma equipa competitiva para ele poder competir de igual para igual e poder evoluir.
    Depois ter um treinador que saiba das dificuldades da competição /futebol e que tenha directores com iguais conhecimentos e não sejam pais directores.
    Que o projecto tenha uma vertente e mentalidade vencedora.
    Como disse é preferível trabalhar a campo inteiro hora e meia 2 vezes por semana do que 1 hora 3 vezes por semana em sintético a meio campo
    Ter um treinador que fale menos durante os treinos e que sejam treinos intensos práticos e competitivos.
    Ninguem é obrigado a ficar no mesmo clube no ano seguinte , agora ha muitos pais que mudam de clube todos os anos, logo….
    É importante formar e formar se possível a ganhar.Os atletas devem treinar e por mérito serem convocados. Como a anterior opinião e se possível jogarem e se em determinado momento existem atletas que não estão bem preparados para enfrentar o jogo, tem de trabalhar e lutar por essa oportunidade.

  3. Maçon
    17 Janeiro, 2019
    Responder

    Parece-me que estamos perante um discurso sóbrio e acertivo. Porém pergunto, o que será daqueles meninos talentosos que não tem capacidade financeira para treinar?! Hoje até os clubes de nivel distrital exigem pagamento de mensalidade… o futebol é um desporto elitista?! No meu tempo a mensalidade era paga em campo, com talento. A treinar 4x por semana e com equipamentos com 5 ou mais anos de uso.

    Sim, acho que os pais tem direito de exigir. Tem o direito de exigir o que acham melhor para os seus filhos. Cabe ao clube/instituição em qual os miudos estão inseridos a ditar as regras.

    Porque motivo os Clubes não expulsão miúdos que têm pais “conflituosos”?! No meu tempo se faltasse ao respeito ao treinador corria a volta do campo até fazer um buraco… se não chegasse era convidado a sair… se os treinadores estão indignados porque não tomam medidas?
    O que os faz tremer?! Se o futebol formação está mercenário foi porque os clubes assim o tornaram, certamente não foram os pais que criaram as mensalidades…

  4. João Santos
    5 Fevereiro, 2019
    Responder

    Caro Roberto Cardoso,
    Afirma que “existem várias situações que neste momento estão a condicionar a formação neste desporto”, mas depois apenas mencionou uma questão: os pais acharem-se no direito de exigir que os filhos joguem.
    Não será demasiado redutor para um tema onde há tanto para opinar?
    Saber lidar com a frustração bem como a superação são apenas duas das grandes aprendizagens do desporto.
    No entanto, será que uma criança não consegue aprender ambas de outras formas e tendo as mesmas oportunidades que os colegas?
    Será que não são os “craques” que jogam muito tempo em idades mais jovens que mais tarde, quando já não são tão “craques”, não sabem lidar com as frustrações e não conseguem superar-se?
    Não será que os clubes e os treinadores se preocupam mais com as vitórias do que com a formação desportiva e humana das crianças?
    Será que os treinadores de formação deviam ser reconhecidos pelos jogos/campeonatos que ganham ou pelos jogadores profissionais e cidadãos que formam?
    Será que os treinadores se adaptam e ensinam de acordo com as necessidades e características de cada criança?
    Tendo em conta os diferentes momentos de crescimento e desenvolvimento físico e intelectual das crianças, existe uma visão de médio/longo prazo?
    Quais são os valores que regem o futebol de formação?
    A grande questão não é que o desporto se tornou um negócio. Os clubes são escolas de desporto. Os treinadores são professores de desporto. E os pais pagam as mensalidades para os filhos se divertirem e a aprenderem a jogar futebol, em clubes mais profissionais e com treinadores, supostamente, mais qualificados. Até aqui tudo bem.
    A questão é os clubes estarem demasiado focados nas vitórias, os treinadores quererem subir na carreira à custa do sucesso imediato e os pais acharem que os filhos vão ser os próximos craques mundiais.
    O problema é a falta de foco no desenvolvimento das crianças e falta de valores que habitam no desporto, principalmente no futebol!

    • David Chiolas
      11 Abril, 2019
      Responder

      Nem mais, muito bem dito, o problema hoje em dia é o treinador de formação querer ser o protagonista quando quem o é são as crianças que sendo bem formadas se tornam realmente em bons profissionais e cidadãos pois o ensino não se coaduna com o resultado rápido mas sim com um futuro risonho. Melhores cmps

    • Sandra Matos
      27 Abril, 2019
      Responder

      Concordo inteiramente consigo, parabéns . Tenho um filhote que joga futebol, ambos temos a noção das suas limitações enquanto futebolista, mas eu apenas quero que o meu filho pratique um desporto e seja feliz enquanto o faz. Porém tem sido muito , difícil porque joga pouco e já se sabe que o importante para os clubes são as vitórias! E acho ridículo falarem de vitórias, quando o mais importante seria a formação. E já agora, apesar do meu filho não ter grande jeito para o futebol tem de mudar de desporto??? Se na verdade ele gosta é deste????

      • João Silva
        25 Março, 2020
        Responder

        Nao… tem apenas de mudar de clube… em especial, para um que de valor a 2 permissas:

        1 – inclusão

        2 – diferenciação

        Tenho a sorte de pertencer a um clube que olha desta forma para o futebol.

        Cumprimentos.

  5. Kheytte
    4 Março, 2019
    Responder

    Sugiro conhecerem um livro lançado no Brasil com título de: “mães de jogadores, filhos do futebol” da autora Rosana Maciel.
    Um relato realista sobre a visão das mães no mundo do futebol.
    Busque no Google

  6. José Costa
    26 Abril, 2020
    Responder

    “…muitos defendem que todos devem jogar, na minha opinião isso é um mito…”
    Isto é válido para todos os escalões etários?

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