Futebol Feminino, “Caminhando…”


Quantos já não ouvimos que “Futebol é só para rapazes”, ou já ouvimos chamar tal menina de “Maria Rapaz”, por “jogar à bola” e muitas vezes no meio dos rapazes. São estes e outros obstáculos, que o Futebol Feminino tem vindo a ultrapassar ao longo dos tempos, tendo percorrido um caminho longo e muitas vezes sinuoso. Mas o Futebol Feminino, embora ainda amador e dependente de muita “carolice”, está vivo, hoje já ouvimos de uma forma regular falar “deste” Futebol, os campeonatos são noticiados, as jogadoras premiadas, as selecções obtêm resultados dignos de registo, fala-se de jogadoras no estrangeiro e temos equipas a disputar a Champions League.

Ora vejamos:

  • Quem acompanha o fenómeno desportivo e lê jornais especializados, por certo que não lhe passou despercebido, olhando para resultados, tabelas classificativas e pequenas reportagens nomes como: Valadares-Gaia, Atlético Ouriense, Futebol e Benfica, Fundação Laura Santos, entre outros;
  •  Quem não acompanhou, o centenário da Federação Portuguesa de Futebol – Quinas de ouro? Onde não foi esquecida a variante feminina, e onde Carla Couto foi eleita a jogadora do século;
  • As selecções portuguesas, que mesmo contra algumas potências (já profissionais), vão conseguindo alguns brilharetes como o atingir das meias finais do Campeonato Europeu sub 19, realizado na Turquia em 2012 e o apuramento para o Campeonato Europeu de 2013, em sub 17 que se realizou na Inglaterra. Tais brilharetes ganham maior destaque, quando apenas são apuradas para a fase final desta competição oito equipas (contando com a equipa anfitriã que é apurada automaticamente) num lote de 60 seleções à partida;
  •  Jogadoras portuguesas no estrangeiro, já são muitas que escolhem o além fronteiras para dar continuidade à sua carreira, sob uma forma profissional e mais competitiva, por outro lado, a jogadora portuguesa já é alvo de cobiça de emblemas estrangeiros, poderemos dar como exemplos, Ana Borges, Adriana Rodrigues, Carolina Mendes, Patrícia Morais, Cláudia Neto, Dolores Silva, Laura Luís, Mónica Mendes, entre outras;
  • Outro grande destaque do nosso Futebol Feminino, foi o apuramento inédito de uma equipa portuguesa, neste caso o Clube Atlético Ouriense, para a Champions League Feminina na época 2014/15, após ter ganho o grupo 8 da competição, ficando à frente das equipas do Standard de Liège, ASA Tel-Avi e Cardif Met.

Estes são realmente factos muito positivos, mais ainda muito ténues, o Futebol Feminino necessita de alicerces fortes, que façam que situações destas aconteçam mais vezes e possibilitem um maior crescimento da modalidade. Tal crescimento e desenvolvimento da modalidade passa por alguns vectores:

  • Aumento do número de praticantes, actualmente em Portugal praticam Futebol (variante de 11) cerca de duas mil praticantes, num universo de cerca de 150 000. Daqui se entende, que o recrutamento para a modalidade é algo de fulcral, como fazê-lo? 1º passo, teremos que ir à “fonte”, a Escola, o Desporto Escolar, é aqui que nos dias de hoje, as meninas começam a dar os primeiros “pontapés”; 2º passo, articulação entre escolas e clubes, formando parcerias de formação, criando por exemplo “clubes escola”; 3º passo, tutela e detecção de talentos por parte de associações e federações;
  • Tornar mais apelativa a participação em competições, dado que até ao escalão de sub 15, não existem escalões de formação femininos, as meninas que queiram competir, têm que jogar conjuntamente com os rapazes, criando por vezes alguns constrangimentos e afastamento da modalidade. No entanto, algumas associações, começam a organizar campeonatos regionais de futebol 7 (sub 19, sub 18 e sub 16), será importante abranger tal medida a todo o país, assim como a nível distrital, organizar concentrações periódicas de pequenas competições informais de escalões ainda mais jovens;
  •  Maior incentivo aos clubes para a criação de equipas de formação femininas e organização entre eles de encontros pontuais;
  • Criação de dinâmicas ao nível local, de forma a obter um maior investimento/apoio ao Futebol Feminino;
  •  Combater os constrangimentos ainda muito presentes, que desvalorizam o Futebol Feminino e dificultam o acesso das mulheres ao Desporto.

Podemos concluir que o Futebol Feminino em Portugal está em expansão, com pouco tem-se feito muito, imagine-se o que não se poderá atingir com uma maior concertação de ideias, estratégias e vontades.

“O caminho faz-se caminhando”…. Vamos Acreditar que Sim!!

1 Comentário

  1. Pedro
    1 Março, 2020
    Responder

    Gostaria da vossa opinião acerca desta temática: até que idade é aconselhável uma rapariga jogar numa equipa mista? Pelo que li as raparigas podem jogar até aos 13 anos, mas nessa idade já existe grande discrepância ao nível físico entre raparigas e rapazes. Tenho uma filha de 10 anos que joga numa equipa mista e gostaria de saber qual a idade ideal para ela dar o salto para uma equipa feminina.

    Cumprimentos

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